MEROS MORTAIS


uma trova em forma de abundantes letras
escarradas e escorridas dentre as vias do ventre
enfiada nos fios, feito energia corrente
descia pelo asfalto e subia pela pele
perdurava o tempo necessário de uma vida
meia vida no muro
e outra metade pra partida
sem sentir tanto medo assim da vista tão baixinha
medo maior era se não desse certo
e aquilo não acabasse em desgraça
medo maior era continuar a conviver consigo
e não visse mais em si, seu melhor inimigo
feito um raio atravessar os palmos abaixo da terra
e renascer na densidade celeste
recriar um mar de estrelas na calota polar ardente
navegar ATÉ LÁ pra encontrar apenas o outro lado
desabitar do que pertence ao efêmero
e se arrepender dos pecados
não lembrar das atitudes certas, dentre elas o pago e o mal pago
atravessar a janela, de um inferno para outro
espalhando uma aquarela de sangue
desvendando o sorriso duvidoso
que inventara pra não desistir
enquanto dormia esta noite.
Yuridã Vellardo

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